Fritjof Capra, a globalização e a ecologia

Ontem eu assistia a uma entrevista de Fritjof Capra em que ele falava sobre globalização e ecoplanejamento, a partir de uma introdução sobre microorganismos, células e redes, fez uma comparação entre estas e as novas redes de comunicação na sociedade moderna, dentre as quais destacou duas: a globalização ou nova economia e o ecoplanejamento ou as ong’s em defesa do meio ambiente.

De um lado a globalização ou nova economia de mercado existiria para perpetuar e aumentar o lucro das elites numa escala global, onde o estado é o mantenedor do interesse destas elites, que através da exploração dos recursos naturais e de mão de obra local aumenta a pobreza e a distância entre ricos e pobres, e que colocam o lucro acima de qualquer outro valor, transformando tudo, inclusive a vida humana em produto.
Do outro lado a sociedade civil internacional, através de ong’s que se mobilizam em rede, com o uso inteligente da internet para impedir que estas elites destruam o planeta e consequentemente a vida humana, através de ativismo como em Los Angeles na reunião da OMC e no fórum social mundial em Porto Alegre por exemplo.

De uma lado os pérfidos e cruéis capiltalistas que querem lucrar a custa da destruição da vida, do outro os super-eco-heróis que querem salvar o mundo, um maniqueísmo barato que eu não esperava ver de um intelectual como Capra; É óbvio que existem certos casos como o da indústria de diamante na África do sul como exemplo mais claro, e por outro lado nas formas alternativas de produção como a dos alimentos orgânicos que estão ganhando mercado, no entanto reduzir a discussão a uma cruzada do bem contra o mal é ingênuo demais se não for criminoso.O que o consagrado físico, talvez não tenha se dado conta é da própria contradição de seus argumentos.

Em primeiro lugar a nova forma de organização da sociedade não tem nada de novo, foi assim após a revolução industrial, foi assim durante o mercantilismo, foi assim no período medieval, e assim por diante, toda vez que surge uma nova tecnologia a sociedade se adapta e muda a forma de organização.

Em segundo a organização e mobilização das ong’s através da internet só foi possível graças a economia de mercado onde a demanda por comunicação de longa distância e em tempo real a tornaram comercialmente viável levando empresas de todo mundo a investir em tecnologia e desenvolvimento em grande escala tornando-a uma tecnologia acessível ao consumidor.

Em terceiro as energias alternativas citadas como fotovoltaica, eólica, biomassa e de célula de hidrogênio só serão possíveis porque grandes indústrias estão investindo milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento, o mesmo se dá com os alimentos orgânicos e hiper-carros movidos a energia limpa, eles só são possíveis graças a demanda e ao investimento da indústrias como as citadas pelo próprio Capra.Por último o argumento de Capra já parte do pressuposto esquerdista de que o capital é inerentemente mal, explorador e autofágico, sem levar em conta um dos conceitos básicos que é a demanda, sem ela não há para quem vender, produzir, abrir empresa, investir e consequentemente tambem não há geração de empregos, de renda, de melhoria da condição da vida humana, aliás não existiria internet, sem a qual as ong’s não poderiam se mobilizar, sem o que não poderiam se expressar.

A Fritjof Capra e a todos que tendem a concordar com o que ouvem sem refletir e desenvolver uma opnião pessoal eu deixo as palavras de um conterrâneo seu:
“Os socialistas da Alemanha Oriental, auto-entitulada República Democrática da Alemanha, admitiram de forma espetacular a falência dos sonhos marxistas quando eles construíram um muro para prevenir seus camaradas de fugirem para a Alemanha Ocidental.”
Ludwig Von Mises, Money, Method, and the Market Process.

2 Comentários

Arquivado em comércio exterior, economia, opinião pessoal, política, sociedade

2 Respostas para “Fritjof Capra, a globalização e a ecologia

  1. Pedro Rocha de Miranda

    Gostaria de saber algo mais sobre o Sr. Ludwig Von Mises, autor dos comentários sobre o que disse Fritjof Capra.

    Grato,

    Pedro Rocha

  2. Olá Pedro Rocha

    Mises foi um dos maiores expoentes da escola austríaca de economia, defendendo posições extremamente liberias tendo como principal tema o indivíduo acima do estado.

Deixe um comentário